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24/08/2022

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Penelope Douglas - Punk 57 - The Gift Box Editora

 


Leituras de Pérola - 13

Misha
Não posso deixar de sorrir com a letra da música em sua carta. Ela sente a minha falta.
Na quinta série, minha professora organizou duplas com colegas de uma escola diferente. Pensando que eu era uma menina – por causa do meu nome – a outra professora me juntou com a sua aluna, Ryen. Minha professora – acreditando que Ryen era um garoto – concordou.
Não demorou muito para descobrirmos o erro. E, em pouco tempo, estávamos discutindo sobre tudo. A melhor pizza para viagem. Android vs. iPhone. Se Eminem é ou não o melhor rapper de todos os tempos...
E foi assim que começou. Nos sete anos seguintes, éramos só nós.
Suas cartas são sempre escritas em papel preto com caneta prateada. Às vezes, recebo uma por semana ou três em um dia, mas eu preciso delas. Ela é a única que me mantém nos eixos, me acalma e aceita quem eu sou por inteiro.
Nós só tínhamos três regras: nada de redes sociais, sem números de telefone e nenhuma fotografia. Nós tínhamos um lance bacana. Por que arruinar isso?
Até eu deparar com uma foto de uma garota, online. Com o nome de Ryen, que ama a pizza do “Gallo” e idolatra seu iPhone. Quais eram as chances?
Que se f*da. Preciso encontrá-la.
Só não imaginava que odiaria o que descobri.
Ryen
Ele não escreve há três meses. Algo não está certo. Ele morreu? Foi preso? Conhecendo Misha, nem um dos dois seria um exagero.
Sem ele por perto, estou ficando maluca. Preciso saber que alguém está me ouvindo. A culpa é minha. Devia ter pedido seu número de telefone, foto ou algo assim.
Ele podia ter sumido para sempre.
Ou poderia estar bem debaixo do meu nariz, e eu nem sequer desconfiava.


Como leitora e internauta, sempre vi muitos elogios a escrita da autora e as histórias também, mas principalmente a escrita já que os enredos são romances dark e bullying que não são todas as pessoas que gostam. Arrisco dizer que a escrita chega a ser até mais importante do que o próprio enredo afinal quando estamos lendo não queremos perceber que estamos lendo, com isso a escrita deve ser fluida. Após a conclusão dessa leitura, posso confirmar: Penelope Douglas tem uma das escritas mais deliciosas que já li. Agora sobre a história, não sabia ao certo o que esperar já que foi o primeiro bully romance - romance caracterizado pela presença de bullying entre os protagonistas antes deles se envolverem amorosamente - que li. 

Ironicamente o relacionamento entre os personagens começa antes mesmo de eles se encontrarem pessoalmente, o que ao mesmo tempo que é um clichê, também é algo fora do comum levando em conta que a narrativa acontece nos dias atuais e os personagens poderiam simplesmente trocar mensagens ao invés de se comunicarem por cartas. É uma leitura que necessita de certo entendimento do gênero literário bully romance, para evitar qualquer tipo de frustração durante a história. São personagens problemáticos com comportamentos que acabam produzindo relacionamentos também problemáticos, que como a própria escritora menciona: eles não são fáceis de amar. 

Ambos os protagonistas têm uma bagagem emocional intensa por conta da ausência parental que passam então as atitudes dos dois, podem ser justificadas até certo ponto pelo contexto em que eles vivem. A nota da autora no final do livro confirmou minhas hipóteses a respeito dos personagens, principalmente da protagonista feminina, dizendo o seguinte: "Nós, leitores de romances, podemos ser muito duros com nossas heroínas. Muitas vezes, nos vemos nesses papéis e comparamos suas decisões com as que tomamos. Tendemos a julgá-las mais duramente do que os heróis porque as mantemos na mesma expectativa que mantemos de nós mesmas.", e eu concordo com cada palavra. 

Uma das lições trazidas pela história é a de pertencimento, se sentir parte de um lugar, um grupo, ou até mesmo uma pessoa no sentido figurado e o comportamento dos protagonistas é guiado por esse desejo de se sentir pertencente. 

Também nas notas finais a autora menciona os blogs literários com as seguintes palavras: "Para todos os blogueiros, há muitos para nomear, mas sei quem são. Eu vejo as postagens e tags, e todo o trabalho duro que fazem. Gastam seu tempo livre lendo, fazendo resenhas e ajudando a divulgar, e fazem isso de graça. Vocês são o sangue que dá vida ao mundo literário e vai saber o que faríamos sem vocês. Obrigada por seus esforços incansáveis. Fazem isso por paixão, o que torna tudo ainda mais incrível.", e queria deixar registrado que fiquei muito feliz depois que li esse agradecimento.

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