Leituras de Carol nº 763
Título original: El Libro De Los Placeres Prohibidos
Em 1455, a cidade de Mainz, na Alemanha, está em polvorosa. Não bastassem as revoltas populares tão comuns à época, Johannes Gutenberg, o inventor da prensa, está sendo acusado de comercializar livros clandestinos, de roubar e de praticar bruxaria e satanismo juntamente com seus parceiros comerciais, Johann Fust e Petrus Schöffer. Sigfrido de Maguntia, o promotor do caso, é considerado o maior copista de seu tempo e tem um interesse especial, já que a Bíblia que os réus copiaram foi originalmente escrita por ele próprio.
Ao mesmo tempo, o terror se espalha pela cidade, em especial no Mosteiro da Sagrada Canastra, um bordel de luxo às margens do rio Reno cujas prostitutas são adeptas das práticas dos “prazeres proibidos”. O motivo: um assassino anda à solta. Suas vítimas: invariavelmente, as prostitutas do bordel, que são mortas com brutalidade e têm as peles meticulosamente arrancadas. O burburinho comum do local dá lugar ao silêncio. Tão acostumados a visitar as “adoradoras da Sagrada Canastra” – e a praticar seus rituais bem peculiares –, os homens da cidade estão trancafiados em suas casas, assim como as prostitutas.
Como jornalista não poderia ignorar o lançamento da parceira Bertrand Brasil que fala sobre Gutenberg, o inventor da prensa. Fiquei curiosa em como o autor argentino (que esteve na Feira do Livro de Porto Alegre este ano) iria tratar sobre esse ícone.
Qual minha agradável surpresa foi ver que Andahazi desconstroi o mito e nos mostra Gutenberg como um falsificador (risos). Conhecedor da arte da gravação, ele viu na possibilidade de copiar livros a chave para a riqueza e para isso não mediu esforços e agiu inescrupulosamente. Mas... ele (e seus sócios) foram pegos.
E o livro se passa durante o seu julgamento, com o acusador o monge Sigfrido de Mongúcia (o maior copista da época) apresentando que o fato de copiar livros é uma arte demoníaca.
Enquanto isso, no bordel mais famoso da cidade uma a uma as prostitutas estão sendo mortas e suas peles arrancadas. O que uma coisa tem a ver com a outra? Só lendo para descobrir.
Além de mostrar os percalços de Gutenberg e todo o temor que toma conta das prostitutas em descobrir quem é o assassino, durante todo o livro Andahazi nos leva a um passeio pelo período histórico onde os livros eram propriedade de quem detinha a riqueza e consequentemente, o poder. Sabemos que até a invenção da prensa, os livros eram artigos somente para os muito ricos e sua produção era exclusiva da igreja. A Igreja tinha o controle do que era lido. E por mais que um dos primeiros livros a serem copiados fosse a bíblia, a Igreja tinha o temor de que quanto mais o povo tinha conhecimento, mas poderia questionar as ações eclesiásticas. Isso sem contar que, com a fácil fabricação de livros, títulos que iam de encontro aos dogmas cristãos iam ser de fácil acesso.
Andahazi nos traz a discussão da democratização dos livros (e consequentemente de opiniões) numa trama recheada de acontecimentos históricos e com um viés erótico que não deixa a desejar.
Mesmo as descrições mais detalhadas (que passam de como fabricar moedas a uma boa felação) podem até cansar algumas pessoas, mas para mim não deixaram a leitura cair na monotonia.
Essa foi uma leitura que me agradou bastante.
Achei a capa desse livro muito bonita!
ResponderExcluirDá um pulinho no passado e conhecer um outro lado Gutenberg, com certeza é uma aventura fascinante, e ainda vem acompanhado de um mistério de arrepiar os cabelos do dedão do pé.
Realmente eu fiquei curiosíssima para saber o que um caso tem a ver com o outro.
Acho que esse é um ótimo livro para sair da rotina.
Espero ter a chance de lê-lo!
Bjos!