Foi uma honra para o blog Mulheres Românticas realizar o sorteio do livro da Drica Bitarello, sem mais delongas, vamos a vencedora.
Parabéns a Monique Larentis
Vamos enviar email e esperamos a resposta da Monique em até 72 horas.
E só para deixar todo mundo com água na boca, um trecho do Fogo Vermelho, segundo livro da saga Radegund que será lançado em julho deste ano.
O primeiro movimento que Radegund fez com a espada, um arco amplo, partindo de sua frente para o flanco direito, quase a derrubou de tanta dor. O suor frio brotou em sua fronte. Precisou se apoiar numa árvore, e respirar fundo várias vezes para controlar a onda de náusea.
“Deus, não permita que meu braço esteja inutilizado”, rogou mentalmente, sentindo-se tão indefesa quanto naquela noite nos fundos da taverna de Lina e Pierre.
Inspirando profundamente, tentou outra vez o mesmo movimento, só que com menos amplitude, e mais baixo. Doeu terrivelmente, mas conseguiu. Fez de novo, e a dor ainda estava lá. Mas já estava se acostumando com ela.
Radegund repetiu o movimento várias vezes, até conseguir ignorar a dor e executá-lo como queria; com precisão mortal. Depois, segurou o punho da espada com as duas mãos, elevando-a acima da cabeça, treinando uma defesa alta. Desceu a espada pelo flanco esquerdo, depois pelo direito e, em seguida, a frente do corpo.
O ombro agora doía terrivelmente, os braços queimavam e o suor escorria por suas costas, empapando-lhe a camisa. Mas nada naquele mundo a faria desistir de seu objetivo.
Continuou treinando, associando aos golpes, recuos e avanços, colocando toda sua raiva a favor de sua recuperação. Quando se deu por satisfeita, sacou a adaga com a mão esquerda e treinou a defesa deste flanco, enquanto atacava com a espada. O punho girava habilmente a arma longa e mortalmente afiada, cruzando e descruzando as duas lâminas, ora à frente, ora ao lado do corpo.
Tentou imaginar-se atacando o canalha que a acertara pelas costas, e sentiu-se com mais forças para continuar se exercitando. Já havia perdido a noção do tempo quando um movimento às suas costas a assustou. Sem pensar, lançou a adaga naquela direção.
Luc estava na orla das árvores há mais de meia hora.
A princípio, ele seguira Radegund para fazer com que desistisse de suas intenções de treinar com a espada. Mas ao vê-la esforçar-se tanto, e depois executar movimentos tão graciosos e precisos, ele se esquecera da razão de ter ido até ali.
O corpo esguio movimentava-se com perfeição e agilidade, de uma forma tão fluida, que ela parecia ter nascido com a arma nas mãos. A adaga e a espada pareciam extensões dos braços longos e firmes, que ondulavam de forma hipnótica. As mechas ruivas, empapadas de suor, colavam-se nas laterais do rosto e sob a nuca. As pernas firmavam-se com decisão no solo irregular, coberto de folhas secas, ressaltando os músculos firmes de suas coxas, a curva sensual das nádegas e o balançar dos quadris, na dança da esquiva e do ataque. Apesar de tudo isso, ele não deixou de notar também o rosto contraído de dor. No entanto, ficara tão encantado com a visão de Radegund, que acabou pisando num galho seco. Agora, encontrava-se com uma adaga cravada numa árvore a menos de meio palmo de seu nariz.
- Céus! – gritou Radegund, mortificada - Frei Luc!
Luc soltou a trouxa que trazia na mão e arrancou a adaga do tronco, num gesto furioso.
- Mulher, minha paciência já está se esgotando! – esbravejou ele – Você podia ter me matado! E já lhe disse que não sou um frade!
- Desculpe-me. Agi por instinto. – ela queria que um buraco se abrisse no solo e a engolisse de tão constrangida que estava - Depois que fui atingida pelas costas...
Luc bufou com cara de poucos amigos. Radegund silenciou, achando melhor não argumentar mais. Estendeu a mão para ele, pedindo.
- Pode devolvê-la, por favor?
Ele, no entanto, ficou apenas olhando para a palma estendida, chocado. Seu rosto se contraiu mais ainda. Quando falou, a voz soou mais ríspida do que gostaria.
- Há quanto tempo está aqui?
A ruiva pareceu confusa. Ergueu os olhos e tentou localizar o sol entre as árvores, mas desistiu e deu de ombros.
- Não sei, uma hora ou mais... Não importa. Apenas me dê a adaga, e irei embora – ela insistiu.
Ao invés de entregar a arma a ela, Luc agarrou-lhe o punho com brusquidão e ergueu-o, exibindo-o aos seus olhos espantados.
- Não importa?! Veja isso! Sua mão está sangrando!
Ela ainda não percebera. Ficara tão concentrada em controlar a dor no ombro, que a mente isolara todo e qualquer outro estímulo ou resposta de seu corpo. Tudo o que lhe importara fora atingir seu objetivo, fora executar cada uma daquelas manobras. E ela o conseguira.
Assustada, olhou para a própria mão, cortada, cheia de bolhas, insensível depois de passar tanto tempo empunhando a espada. Ele continuou, irritado, sem soltá-la.
- Por que foi tão irresponsável? Por Deus, mulher! Não podia esperar mais um dia sequer? - indagou - Sua obsessão é tão grande a ponto de expor a própria saúde? Ainda está convalescendo!
Radegund sentiu-se acuada e aborrecida com a admoestação. Tentou puxar a mão que ele segurava com força. Ele a puxou de volta e, perdendo o equilíbrio, ela se chocou contra o peito largo de Luc. Erguendo os olhos, encontrou-os dele e sentiu a perigosa tensão que se estabelecia entre seus corpos. Tornou-se plenamente consciente da aspereza do hábito rústico contra a pele de seu antebraço, e do calor dele, que atravessava o tecido da roupa. Engoliu em seco. Exceto com Mark, jamais estivera em contato tão próximo, e tão consciente do corpo de um homem, como estava agora.
Os contornos dele eram bem diferentes dos seus. Podia sentir a rigidez dos músculos do tórax, a força que ele dominava a custo ao reter seu punho na mão calejada, a largura dos ombros e a altura dele, que excedia a dela em bons palmos.
Radegund não costumava se intimidar com o tamanho ou a força física de seus oponentes. Isso contava menos, numa contenda, do que a agilidade e a inteligência. Ela já derrubara homens com quase o dobro de seu tamanho. Ali, no entanto, não se tratava de uma guerra. Tratava-se de algo com o qual não estava habituada a lidar. Sua experiência com os homens, nesse campo, era absurdamente limitada.
Depois que fora violentada, apenas fora tocada por Mark, e por ninguém mais. E mesmo assim, não se sentira com ele como se sentia agora, confusa e desorientada.
O relacionamento deles fora um misto de amizade e conforto físico para suas amarguras e tristezas. Um alento em meio à solidão que os esmagava, à distância imposta pelas regras de uma sociedade que não tinha lugar para a mulher que vivia como um homem, e para o filho bastardo de dois mundos em guerra.
Absurdamente consciente do contato entre seu corpo e o de Luc, Raden sentiu a respiração acelerar e os seios ficarem, repentinamente mais sensíveis, roçando o tecido fino da camisa. Viu as pupilas de Luc se dilatarem, escurecendo o azul de suas íris, como as nuvens tomavam o céu de verão, no prenúncio de uma tempestade. Ouviu vagamente o som das coisas que ele trazia na mão cairem no chão. Num instante, foi envolvida por dois braços poderosos e então, tragada por um beijo voraz que, nem em seus sonhos mais febris, pensou ser capaz de existir.
Obrigado por tudo.
ResponderExcluirFiquei muito feliz, com certeza lerei o livro com muito carinho.
bjusss
Meninas,
ResponderExcluirobrigada tanto as blogueira, quanto as participantes do sorteio. Foi muito bacana ver tantas leitoras aderindo!
E lembrem-se: em julho, tem a continução da saga!
BJS da Drica ;-)
Tem selinho para vocês! Passa lá!
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